domingo, outubro 07, 2012

Tudo ao contrário

  Era mais uma cerimónia das comemorações do aniversário da Implantação da República que ia fotografar. Da minha editoria levava a recomendação para estar atento a possíveis manifestações de populares embora já sabessemos que as cerimónias não seriam públicas e que os discursos iriam ser à porta fechada.
Quando cheguei à Praça do Município a segurança estava reforçada com barreiras de metal e muita policia, fez-me lembrar a zona de Wall Street em Nova Iorque, que tive a oportunidade de visitar após os atentados de 11 de Setembro e cujo aparato policial era idêntico. Só entravam no centro da Praça, jornalistas, elementos das forças policiais e elementos do protocolo da Câmara Municipal de Lisboa. Um destes senhores do protocolo veio logo ter comigo a dizer-me que não poderia andar a circular no centro da praça pois iria estragar a imagem dos meus colegas das televisões, coisa que normalmente quando acontece, nós fotojornalistas e repórteres de imagem falamos uns com os outros. A zona que nos era destinada estava ao sol e as honras militares seriam à sombra e o palanque estava longe. Fui até a uma das laterais quando a primeira entidade chegou pois estava impossível fazer fotos daquele local, ao que fui logo interpelado mais uma vez por esse senhor que do outro lado dos militares em parada gesticulava incessantemente para eu sair daquele local. Virei-lhe as costas e fui para o local que nos era destinado, no meu pensamento estava uma frase que sempre me foi dita pelo fotojornalista José Manuel Ribeiro da Reuters "they get what they give".
Claro que as fotos das honras militares estavam uma porcaria pois além do contra luz também não me podia movimentar para os lados da praça e claro tinha sempre os militares à frente.
Eis que chegou o momento do hastear da nossa Bandeira Nacional, nessa altura já o protocolo não me podia dizer nada pois já havia mais fotógrafos e repórteres de imagem no centro da praça. Fui ter com o meu amigo que é quem faz vídeo para a presidência, o Ricardo, e no momento em que a banda da GNR começa a tocar o Hino Nacional e Cavaco Silva solta a Bandeira, o Ricardo que está habituado a cerimónias de hastear a bandeira, disse-me logo que a bandeira estava ao contrário, ainda pensei que iriam dar pelo erro e que iam parar a cerimónia para mudarem a bandeira, mas não foi isso que aconteceu, Cavaco Silva com a ajuda de António Costa continuou a hastear a bandeira com visíveis sorrisos nos seus rostos.
Fiquei incrédulo com o que estava a testemunhar mas sabia que o momento era histórico ainda mais da maneira como estava a ser comemorado este dia e de como o país está neste momento, continuei a fotografar à espera que o vento fizesse a bandeira ficar esticada para se ver que estava ao contrário. Quando isso aconteceu sabia que tinha feito uma foto jornalisticamente importante e que iria dar que falar. Corri para o Patéo da Galé para enviar a foto para a agência e pelo caminho cruzei-me mais uma vez com o senhor do protocolo, naquele momento todas as irritações que ele me tinha provocado e as implicações no meu trabalho já tinham desaparecido, ao passar por ele sorri e disse-lhe, "estamos pagos" ficou a olhar para mim e não deve ter percebido logo o que lhe tinha dito, mas aposto que depois de ver a barraca que o seu staff deu com a bandeira deve ter percebido. Secalhar se tivessem mais preocupados com o seu trabalho em vez de se meterem no meu nada disso tinha acontecido. Já no interior do Patéo da Galé e quando Cavaco Silva discursava uma senhora, que conseguiu passar pelo controlo de segurança, começou a gritar, desesperada pela sua situação económica, desesperada pois estava desempregada e ninguém lhe dava trabalho, nem mesmo em limpezas, desesperada pelos seu 200,00 euros de rendimento, desesperada por não ter dinheiro para comer. Poderia ser a minha mãe ou um familiar de um qualquer politico que ali se encontrava. A senhora estava visivelmente transtornada e tentou chegar perto de Cavaco Silva pelo que foi levada à força por 4 seguranças para o exterior do recinto.
Quanto à decisão destas comemorações serem escondidas do povo e de serem discretas a única coisa que me apraz dizer é que "O tiro saiu-lhes pela culatra em todos os aspectos"
No dia seguinte fiquei feliz pela minha foto ter sido usada na primeira página do Jornal i e ainda mais pela forma arrojada do grafismo usado pelo jornal.



    

terça-feira, agosto 07, 2012

O cigano Rui

  No outro dia fui fotografar um fogo num bairro junto ao aeroporto de Lisboa, quando lá cheguei, alguns miúdos ciganos vieram ter comigo para lhes fazer fotos mas como o fogo estava quase extinto, tive de continuar para ver se ainda conseguia fotografar alguma coisa do fogo.
Achei piada ao facto de quase todas as barracas ou mesmo tendas tivessem antenas parabólicas, no meio de toda aquela pobreza e lixo há sempre dinheiro para ter televisão por satélite.
No final quando ia para o carro um miúdo cigano, que estava sentado junto a alguns bens salvos da barraca que ardera, pediu-me para lhe tirar uma foto, assim que lhe apontei a máquina fez uma pose como se de uma estrela pop se tratasse. Já me ia embora quando me lembrei que não lhe tinha perguntado o nome, voltei-me e perguntei-lhe o nome ao longe ao que ele me respondeu: "oh vizinho sou o Rui".

quinta-feira, julho 19, 2012

Algumas fotos de trabalhos que tenho feito ultimamente

Apenas algumas fotos de trabalhos que tenho feito ultimamente ao serviço da Agência.









sábado, junho 23, 2012

13.ª Marcha do Orgulho LGBT


Fotos da 13.ª Marcha do Orgulho LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis , Transexuais e Transgéneros, esta tarde em Lisboa.



sexta-feira, junho 01, 2012

Os dias passam a voar

Pois é, aqui em Nova York os dias passam a voar! Aqui tudo acontece muito depressa, com energia a mais, tudo vive a 200% e se não o fizerem são absorvidos, desaparecem, são esquecidos. São milhões de mundos que se cruzam individualmente numa competição feroz. No transito, nas ruas, no metro especialmente a horas de ponta é a loucura, 90% das pessoas andam de phones nos ouvidos e ao telemóvel, quase que a correr. Ao ver este frenesim quase fico sem ar como se tivesse acabado de correr os 100 metros em velocidade.
Deixo aqui mais algumas fotos destes dias aqui por Nova York onde também tentei captar momentos calmos na vida dos Novaiorquinos.


segunda-feira, maio 28, 2012

As primeiras 8 horas em Nova York

A fotografia de rua é uma das minhas paixões, influenciado por nomes como Elliott Erwitt, Helen Levitt, Alfred Eisenstaedt, Henri Cartier-Bresson ou Bruce Gilden.
Se há cidade no Mundo perfeita para fotografia de rua ela é Nova York! Em cada esquina, em cada rua a todas as horas há pessoas e motivos para fotografar, tudo se cruza, tudo acontece!
Com a minha Canon G12 captei alguns desses momentos nas minhas primeiras 8 horas na cidade.
Ainda tenho mais 4 dias na Big Apple mas podia vaguear pela cidade todo o ano a fotografar sem me fartar.