Angola - Lubango e Serra da Leba

Num dos dias fomos ao Lubango, Província da Huila. No aeroporto fomos recebidos com danças de uma tribo local e por uma multidão, principalmente miúdos das escolas que no percurso do aeroporto até à casa do Governador que são 7km nos acenavam com bandeirinhas e gritavam de alegria.
Ouve um momento emocionante na Universidade de Mandume, quando o Grupo Coral da Huila com cerca de 40 elementos cantou o Hino Nacional Português, mas na sua versão completa e muito bem cantado. Foi a primeira vez que me caíram lágrimas ao ouvir o nosso hino, talvez por estar longe de quem amo, talvez pela emoção da viagem mas não fui só eu, quando olhei à volta na sala estava muita gente de lágrima no olho.
Depois desse belo momento e de um almoço rápido pelo menos para mim pois aproveitei para ligar o receptor de satélite Bgan, tratar e enviar as fotos da manhã. Contei com a ajuda de dois amigos locais o Carlitos e o Frezniro que me ajudaram a arranjar corrente e me trouxeram a valiosa água pois onde encontrei o sinal de satélite forte o suficiente para mandar as fotos foi à torreira do Sol.
Depois partimos mais uma vez de mini-bus para a Serra da Leba, já me tinham dito que era um dos locais mais bonitos que iríamos visitar e confirmou-se. A Serra é lindíssima, só tenho pena a termos visitado à hora que foi pois o Sol estava a pique e a luz não era a melhor para captar a beleza do local, que segundo o meu colega Manuel Almeida, fica com tons laranja ao final do dia. No caminho também estavam crianças a acenar com bandeirinhas. Na Serra fomos recebidos com danças tradicionais do grupo Kamatembas da Humpata da tribo Mumuilas, as suas danças eram muito engraçadas e eles nada se intimidaram com as nossas cameras fotográficas.
Já quando me ia embora decidi fazer um retrato junto a um deles um velhote quase sem dentes mas com um sorriso enorme, que depois de tirar o retrat me disse: "tem médalhá de Pórtugal, dá-mé umá médalhá de Pórtugal" fiquei super espantado pelo seu bom Português, infelizmente não tinha nenhuma moeda no bolso nem tinha tempo para ir ao mini-bus e voltar para lhe dar pois já estavam à minha espera para partirmos.
E assim foi mais um dia em Angola.

Na estrada, pela janela

Ao longo destes dias andei, como já o escrevi, sempre de um lado para o outro em comitiva. Todas estas fotos foram feitas pela janela do mini bus, algumas vezes parado outras a mais de 100km hora, como se de uma corrida se tratasse!
Pela janela foram-me passando imagens que nunca esquecerei, algumas captei com a máquina, mas a maior parte delas levo na minha memória.
A janela funciona como um frame quase perfeito e a minha intrusão com o que estou a fotografar é quase nula.
Algumas fotos tecnicamente não estão perfeitas, como a dos miúdos a jogar a bola e um deles a tentar defender um possível golo, ou a do varredor de rua que veio varrer junto ao mini bus e que quando puxei a máquina do meu colo e disparei o barulho da maquina despertou a curiosidade do outro homem que se cruzava.
A viagem está quase a acabar, foram dias muito intensos, de fortes emoções e um bela oportunidade que tive para conhecer um pouco de Angola

Angola 2º dia

Hoje mais uma vez andamos muito pela estrada em comitiva a visitar os mais diversos lugares. A manhã começou com uma viagem aos arredores de Luanda de cerca de uma hora por estradas que mais parecem caminhos de todo o terreno, ladeados quase sempre por barracas, carcaças de carros, lixo muito lixo, esgotos a céu aberto e um transito caótico. Felizmente temos um batedor que é digno de receber uma medalha tal é a pericia com que anda de moto e como faz abre caminho por entre os milhares de carros com que nos cruzamos no caminho.
Numa pausa falei com ele, felicitei-o e tirei-lhe uma foto pelo espelho da moto, depois como sempre faço mostrei-lhe a foto e ele respondeu "apánhou-mé a rir" e continuou a sorrir!
Voltei a encontrar o fotografo Jordi Burch que tem uma exposição de fotografia cá em Luanda intitulada "Uma Estrada, Dois Olhares" e que foi ontem inaugurada por Cavaco Silva.
Conversamos um pouco e "saquei-lhe" esta foto no meio da nossa conversa, enquanto conversava com ele tirei também a foto a uma senhora com um bebé ao colo numa janela, aqui à noite as janelas das casas têm uma luz especial, que cria umas silhuetas muito interessantes.
Entre um encontro e outro fui enviar umas fotos ao hotel onde está instalado o presidente e a vista que se tem de um dos quartos no topo do hotel é impressionante com barracas no meio dos prédios e se repararem no prédio do lado direito tem um anuncio à marca de carros Jaguar!!!
Tal como referi ontem voltei a encontrar muitos militares armados pelas ruas e as pessoas normalmente param para observar a passagem da comitiva como se de um espectáculo se tratasse.
Nos palacios e edificios governamentais existem sempre guardas, fiz sinal a um desses guardas que lhe ia tirar uma foto ele disse que sim muito discretamente com a cabeça mas fechou os olhos, pensei que fosse o meu flash que tivesse ligado mas não, voltei a tirar mais umas fotos onde fiz 4 disparos ao que ele fez o mesmo, aí sim percebi que era intencional o seu fechar de olhos, não sei qual o motivo mas deixou-me curioso, talvez fosse a sua unica defesa naquele momento intrusivo da minha parte...
Em muito sitios onde paramos encontramos crianças, estas estavam a brincar junto a um camião e duas delas tinham vestidas t-shirts da nossa selecção, um tinha a do Ronaldo e o outro tinha uma com o numero 12 mas que nao tinha o nome nas costas, perguntei-lhe mas ele não sabia de quem era e eu também não lhe soube dizer...
Gosto de silhuetas e hoje em cima de um estrado estava este cameraman que deu para fazer esta foto.
Por ultimo amo cães, adoro mesmo e gosto de os fotografar. Estava na carrinha à espera de arrancar quando me apercebi que vinha um cao a subir a rua só tive tempo de agarrar a máquina, focar e disparar, digo focar pois ela focou, mas focou onde não devia ou melhor focou onde devia, assim quando tiver um cão já sei que nome lhe vou dar: Iveco!!!

Angola

Vim a Angola acompanhar a visita de Cavaco Silva. É a minha primeira vez em Angola, mas não a primeira em Africa.
A viagem correu bem, viemos cerca de 20 jornalistas juntamente com o presidente num voo comercial normal, que vinha completamente lotado, o que acontece em todos os voos de Portugal para Angola e de Angola para Portugal.
Mal cheguei a Luanda dei logo conta do caos no transito, mesmo à noite e com batedores existem filas e transito compacto. Outra coisa que vi foi uma presença grande de militares armados por todas as ruas da cidade mas que pelo que me informei é apenas por se encontrarem cá alguns chefes de Estado para a cimeira da CPLP.
O primeiro dia de trabalho foi uma correria com um programa estafante para nós jornalistas e calculo que também para o presidente e para a sua mulher. Fomos ao Palácio Presidencial, à Assembleia Nacional, Embaixada de Portugal em Luanda, Palacio do Governo, Faculdade de Direito, ao Centro Cultural e ao fim da noite outra vez ao Palacio Presidencial, tudo isto sempre a atravessar o transito caótico da cidade. Uma das dificuldades em Luanda é a internet que tem uma velocidade muito baixa e que é dificil por vezes conseguir até ligar. Felizmente o nosso hotel tem uma boa ligação de net e por incrivel que pareça nos jardins do Palacio Presidencial consegui ligar-me à net por wireless e enviar todas as fotos da manhã com uma velocidade excelente.
Durante o dia além de fotografar Cavaco Silva foi dando para fazer umas "fotozitas" de rua. Uma situação engraçada ocorreu no hotel onde estou instalado. Quando vim ao hotel no final da tarde ao chegar ao decimo andar onde estou instalado fui espreitar a vista e fazer umas fotos, estavam duas empregadas do hotel sentadas no chão numa salinha e ao ouvirem os clicks da maquina vieram pedir-me para ver as fotos e pediram-me se lhes tirava uma foto. Depois de lhes tirar a foto e de lhes mostrar elas desmancharam-se a rir e disseram-me: "já nois déu álégria póis éstávámós muito cansádas e tristés aquí e támbém vámós ser famósas!!!".
Bem vou descansar amanhã há mais